sábado, 14 de agosto de 2010

Crianças de até 5 anos devem ser vacinadas neste sábado contra a poliomielite

A poliomielite é uma doença causada por um enterovírus, denominado poliovírus (sorotipos 1, 2 e 3). É mais comum em crianças ("paralisia infantil"), mas também ocorre em adultos. A transmissão do poliovírus "selvagem" pode se dar de pessoa a pessoa através de contato fecal-oral, o que é crítico em situações onde as condições sanitárias e de higiene são inadequadas. Crianças de baixa idade, ainda sem hábitos de higiene desenvolvidos, estão particularmente sob risco. O poliovírus também pode ser disseminado por contaminação fecal de água e alimentos.

A multiplicação inicial do poliovírus ocorre nos locais por onde penetra no organismo (garganta e intestinos). Em seguida dissemina-se pela corrente sangüínea e, então, infecta o sistema nervoso, onde a sua multiplicação pode ocasionar a destruição de células (neurônios motores), o que resulta em paralisia flácida.

Uma pessoa que se infecta com o poliovírus pode ou não desenvolver a doença. Quando apresenta a doença, pode desenvolver paralisia flácida (permanente ou transitória) ou, eventualmente, evoluir para o óbito. A poliomielite não tem tratamento específico.

* O modo de aquisição (porta de entrada) do poliovírus é oral (transmissão fecal-oral ou, raramente, oral-oral).

* O período entre a infecção com o poliovírus e o início dos sintomas (incubação) varia de 3 a 35 dias.

* Mais de 95% das infecções são assintomáticas ou têm poucos sintomas (subclínicas). A relação entre o número de casos sem sintomas e os que desenvolvem paralisia flácida é de cerca de 200:1.

* As manifestações iniciais são parecidas com as de outras doenças virais. Podem ser semelhantes às infecções respiratórias (febre e dor de garganta, "gripe") ou gastrointestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal, constipação -"prisão de ventre"- ou, raramente, diarréia).

* Menos de 2% das pessoas infectadas apresentam paralisia flácida. A paralisia geralmente começa entre 1 e 10 dias depois dos sintomas iniciais e progride por 2 a 3 dias.

* Entre 1 e 2% das pessoas que desenvolvem sintomas apresentam meningite, sem desenvolver paralisia flácida.

* Entre os casos que desenvolvem paralisia flácida, 2 a 5% das crianças e 15 a 30% dos adultos evoluem para o óbito.

* Desenvolvendo ou não sintomas o indivíduo infectado elimina o poliovírus nas fezes, o qual pode ser transmitido para outras pessoas por via oral. A eliminação é mais intensa 7 a 10 dias antes do início dos sintomas, mas o poliovírus pode continuar a ser eliminado durante 3 a 6 semanas.

* A transmissão do poliovírus ocorre mais freqüentemente a partir do indivíduo assintomático.


Situação da poliomielite no Brasil
O último caso de poliomielite paralítica no Continente Americano ocorreu no Perú em agosto de 1991. Em 1994, uma Comissão Internacional atestou a eliminação da transmissão do poliovírus selvagem no Continente, o primeiro a eliminar a poliomielite. No Brasil, o último caso de poliomielite com o vírus selvagem ocorreu em 1989, e o país recebeu o Certificado de Eliminação da Poliomielite em 12 de dezembro de 1994. A cobertura vacinal no Brasil atingiu 89% da população alvo em 1997 (Tabela), sendo feita aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade. Além disso, no Brasil é realizada anualmente uma Campanha Nacional de Imunização, na qual são vacinadas crianças com até cinco anos, o que aumenta a cobertura contra a poliomielite.


Cobertura com a vacina oral contra a poliomielite no Brasil: 1993 - 1997
Cobertura - 1993 - 91%
Cobertura - 1994 - 89%
Cobertura - 1995 - 83%
Cobertura - 1996 - 78%
Cobertura - 1997 - 89%
Fontes: Ministério da Saúde, OMS

A poliomielite ainda ocorre em várias partes do mundo (África, Subcontinente Indiano), e o movimento global de pessoas tem crescido vertiginosamente nos últimos anos. Existe, portanto, uma ameaça constante de reintrodução do poliovírus selvagem em países como o Brasil, de onde a doença já foi eliminada, o que torna mandatória a vigilância continuada dos casos de paralisia flácida e a manutenção dos programas de imunização para a poliomielite.


Recomendações para o viajante
A poliomielite pode ser evitada através de vacinação e medidas de prevenção contra doenças transmitidas por contaminação fecal de água e alimentos. Existem dois tipos de vacinas
, a Sabin (oral, com vírus atenuado) e a Salk (injetável, com vírus inativado). O Cives recomenda às pessoas com viagem programada para áreas de risco para poliomielite, que:

* Atualizem seus esquemas vacinais contra poliomielite, independentemente da idade (criança ou adulto).

* Adotem medidas de prevenção contra outras doenças transmitidas por contaminação fecal de água e alimentos (cólera, febre tifóide, hepatite A, hepatite E).

* Atualizem a vacina contra febre amarela (validade de 10 anos) e outras doenças imunopreveníveis (como sarampo).

* Utilizem medidas de proteção individual contra a malária (paludismo), doença endêmica no Continente Africano e Subcontinente Indiano, contra a qual não existem vacinas disponíveis.

* Em países que estiveram ou ainda estão em guerra, não andem por áreas desabitadas ou evitadas pela população local, pelo risco acidentes com minas terrestres explosivas.

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