Alagoas comemora hoje, dia 16, 190 anos de sua emancipação política. Para comemora apenas o tradicional desfile de alunos de Escolas públicas e algumas bandas de fanfarra, que deve acontecer á tardem. Apesar da comemoração tímida por parte do governo do Estado, a história do Estado é marcada por muita luta.
Para lembra a data de hoje e fazer uma homenagem ao estado, o Alagoas Agora faz um recorte no passado do estado e conta um pouco da história que levou Alagoas a condição de capitania, depois província e finalmente Estado:
História
A História de Alagoas é a história pela posse da terra. Doadas as sesmarias, os novos proprietários procuraram logo fazer a derrubada das matas e plantar cana-de-açúcar, surgindo os engenhos banguês que sustentaram a economia alagoana durante quatro séculos, até serem substituídos pelas usinas.
Os primeiros engenhos surgiram nos vales dos rios Manguaba, Camaragibe e Santo Antônio, na região Norte de Alagoas. A terra fértil, logo adaptou-se a essa nova atividade. E, assim, começa a formar-se a chamada aristocracia açucareira, com as grandes famílias dominando a economia.
O escritor Manoel Diegues Júnior, em seu livro “O Banguê das Alagoas”, faz um relato apaixonado dessa atividade que iniciou o processo de desenvolvimento sócio-econômico e cultural da Comarca, Capitania e Província de Alagoas.
Mostra os costumes e tradições, a religiosidade, o domínio político, o folclore saído dos engenhos, enfim, um estudo de sociologia rural, que deveria ser lido por todos aqueles que realmente se interessam pela História desse povo bom, trabalhador, honesto e hospitaleiro, que é o alagoano.
Quando o primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho visitou o Sul do seu domínio, deslumbrou-se com a região do baixo São Francisco, parando num local e dando início a povoação de Penedo. Lá construiu um forte , e daí em diante, foram surgindo novos moradores, culminando com o aparecimento da primeira vila fundada em Alagoas.
No século XVII, já despontando como a mais importante vila do Sul da Capitania de Pernambuco, foram sendo construidas as primeiras Igrejas e o convento, além de prédios diversos. Terra fértil, logo foi atraindo agricultores que plantavam todo tipo de lavoura, além do crescimento rápido da pecuária. O comércio expandiu-se. Penedo já era a mais importante vila, bem mais desenvolvida do que a chamada “cabeça-de-comarca”, a vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro).
Emancipação
O tempo passou e a Comarca de Alagoas já esbanjava progresso, provocando ciumeira em meio as lideranças da Capitania de Pernambuco. Nas duas primeiras décadas do século XIX, já apresentava-se em condições de se tornar independente. Mas os donatários não aceitavam. Afinal, era daqui que eles abocanhavam uma boa parcela da arrecadação de impostos, além da grande produção de açúcar dos nossos engenhos.
O Ouvidor Batalha, sempre sonhava em transformar Alagoas em Capitania e, ser o seu primeiro governador. Aproveitou a Revolução Pernambucana, que tinha como objetivo libertar-se de Portugal e, iniciou seu plano. Os revolucionários já haviam conquistado o apoio da Paraiba e Rio Grande do Norte. Faltava Alagoas e Sergipe (Comarcas), além da Bahia e Ceará.
Um emissário foi enviado do Recife a Salvador, para tentar conquistar esse tão sonhado apoio. Passando por Alagoas, propagava os ideais revolucionários e conquistava alguns adeptos. Mas o Ouvidor Batalha não se encontrava na sede da Comarca e sim na vila de Atalaia, já em campanha em prol da emancipação política de Alagoas.
O emissário que trouxe a notícia para Alagoas e seguiu para Sergipe e Bahia, foi o Padre Roma. Aqui, encontrou um apoio de peso: o Comandante das Armas, Antonio José Vitoriano Borges da Fonseca, que atendendo ao pedido do Padre Roma, autorizou a destruição dos símbolos de Portugal e colocou em liberdade todos os presos.
Passou por cima da autoridade maior da Comarca: o Ouvidor Batalha. Escreveu ao Conde D’Arcos, governador da Bahia, informando sobre os ideais da Revolução Pernambucana e seu apoio, pedindo o dele. Não conseguiu. Arrependeu-se de ter seguido os conselhos do Padre Roma. Era tarde demais.
Em Atalaia, o Ouvidor Batalha, aproveitando os tumultos, escreve ao Conde D’Arcos comunicando-lhe das medidas que resolveu tomar: desmembrou a Comarca de Alagoas da jurisdição da Capitania de Pernambuco, enquanto durasse a revolução, e auto-nomeou-se governador provisório. Contou com o apoio que precisava, e venceu a batalha. Dias depois, Alagoas separou-se definitivamente de Pernambuco. Mas ele não conseguiu o que tanto sonhava: ser seu primeiro governador.
O decreto assinado por Dom João VI, em 16 de setembro de 1817, emancipando Alagoas de Pernambuco, transformando a Comarca em Capitania, estabeleceu como capital a vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro) e nomeando como primeiro governador, o português Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, que acabara de governar a Capitania do Rio Grande do Norte.
Primeiro Governador
Ao desembarcar no porto de Jaraguá, o governador encantou-se com a vila de Maceió. Foi recebido com muitas festas e, hospedou-se no sobrado de um português na esquina das ruas do Comércio e Livramento, onde hoje funciona a Ótica Flamengo.
Sua posse aconteceu na matriz de Nossa Senhora da Conceição, na capital, numa solenidade com muita pompa, autoridades diversas e muitos discursos. Mas o governador não gostou muito do aspecto urbano da antiga vila, sempre priorizando Maceió.
E essa opção pela vila ao invés da capital, fez com que várias autoridades protestassem. Os de Alagoas (Marechal Deodoro) não aceitavam sob hipótese alguma, a instalação de repartições públicas na vila de Maceió, enquanto o próprio governador e várias outras personalidades políticas, econômicas e culturais, preferiam mesmo que os principais órgãos públicos fossem instalados em Maceió, por ser mais desenvolvida que a capital, possuir um movimentado porto e toda a infra-estrutura de uma capital. E assim foi feito.
Melo e Póvoas instalou a Junta de Administração e Arrecadação da Real Fazenda, o Quartel Militar e a Alfândega. Ciumeira geral.
Maceió crescia a olhos vistos. O governador, mandou que fosse elaborada uma planta urbana, para proporcionar um novo visual a vila. O traçado das ruas e das praças e os melhoramentos necessários. E assim surgiram as ruas do Comércio, do Sol, Livramento, Boa Vista, Moreira Lima, Augusta, Nova, Alegria e as praças Dom Pedro II e Martírios. O traçado continua o mesmo. Nunca houve alargamento, mudando apenas a arquitetura das casas.
O governador afastou-se do cargo em fevereiro de 1822, retornando à Portugal. Criou-se uma junta governativa formada por Antonio José Ferreira, José de Souza Melo, Nicolau Paes Sarmento, Manoel Duarte e Antonio de Hollanda Cavalcante, que permaneceu até a independência do Brasil, quando a Capitania foi transformada em Província.
por Neilton Ferreira
Para lembra a data de hoje e fazer uma homenagem ao estado, o Alagoas Agora faz um recorte no passado do estado e conta um pouco da história que levou Alagoas a condição de capitania, depois província e finalmente Estado:
História
A História de Alagoas é a história pela posse da terra. Doadas as sesmarias, os novos proprietários procuraram logo fazer a derrubada das matas e plantar cana-de-açúcar, surgindo os engenhos banguês que sustentaram a economia alagoana durante quatro séculos, até serem substituídos pelas usinas.
Os primeiros engenhos surgiram nos vales dos rios Manguaba, Camaragibe e Santo Antônio, na região Norte de Alagoas. A terra fértil, logo adaptou-se a essa nova atividade. E, assim, começa a formar-se a chamada aristocracia açucareira, com as grandes famílias dominando a economia.
O escritor Manoel Diegues Júnior, em seu livro “O Banguê das Alagoas”, faz um relato apaixonado dessa atividade que iniciou o processo de desenvolvimento sócio-econômico e cultural da Comarca, Capitania e Província de Alagoas.
Mostra os costumes e tradições, a religiosidade, o domínio político, o folclore saído dos engenhos, enfim, um estudo de sociologia rural, que deveria ser lido por todos aqueles que realmente se interessam pela História desse povo bom, trabalhador, honesto e hospitaleiro, que é o alagoano.
Quando o primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho visitou o Sul do seu domínio, deslumbrou-se com a região do baixo São Francisco, parando num local e dando início a povoação de Penedo. Lá construiu um forte , e daí em diante, foram surgindo novos moradores, culminando com o aparecimento da primeira vila fundada em Alagoas.
No século XVII, já despontando como a mais importante vila do Sul da Capitania de Pernambuco, foram sendo construidas as primeiras Igrejas e o convento, além de prédios diversos. Terra fértil, logo foi atraindo agricultores que plantavam todo tipo de lavoura, além do crescimento rápido da pecuária. O comércio expandiu-se. Penedo já era a mais importante vila, bem mais desenvolvida do que a chamada “cabeça-de-comarca”, a vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro).
Emancipação
O tempo passou e a Comarca de Alagoas já esbanjava progresso, provocando ciumeira em meio as lideranças da Capitania de Pernambuco. Nas duas primeiras décadas do século XIX, já apresentava-se em condições de se tornar independente. Mas os donatários não aceitavam. Afinal, era daqui que eles abocanhavam uma boa parcela da arrecadação de impostos, além da grande produção de açúcar dos nossos engenhos.
O Ouvidor Batalha, sempre sonhava em transformar Alagoas em Capitania e, ser o seu primeiro governador. Aproveitou a Revolução Pernambucana, que tinha como objetivo libertar-se de Portugal e, iniciou seu plano. Os revolucionários já haviam conquistado o apoio da Paraiba e Rio Grande do Norte. Faltava Alagoas e Sergipe (Comarcas), além da Bahia e Ceará.
Um emissário foi enviado do Recife a Salvador, para tentar conquistar esse tão sonhado apoio. Passando por Alagoas, propagava os ideais revolucionários e conquistava alguns adeptos. Mas o Ouvidor Batalha não se encontrava na sede da Comarca e sim na vila de Atalaia, já em campanha em prol da emancipação política de Alagoas.
O emissário que trouxe a notícia para Alagoas e seguiu para Sergipe e Bahia, foi o Padre Roma. Aqui, encontrou um apoio de peso: o Comandante das Armas, Antonio José Vitoriano Borges da Fonseca, que atendendo ao pedido do Padre Roma, autorizou a destruição dos símbolos de Portugal e colocou em liberdade todos os presos.
Passou por cima da autoridade maior da Comarca: o Ouvidor Batalha. Escreveu ao Conde D’Arcos, governador da Bahia, informando sobre os ideais da Revolução Pernambucana e seu apoio, pedindo o dele. Não conseguiu. Arrependeu-se de ter seguido os conselhos do Padre Roma. Era tarde demais.
Em Atalaia, o Ouvidor Batalha, aproveitando os tumultos, escreve ao Conde D’Arcos comunicando-lhe das medidas que resolveu tomar: desmembrou a Comarca de Alagoas da jurisdição da Capitania de Pernambuco, enquanto durasse a revolução, e auto-nomeou-se governador provisório. Contou com o apoio que precisava, e venceu a batalha. Dias depois, Alagoas separou-se definitivamente de Pernambuco. Mas ele não conseguiu o que tanto sonhava: ser seu primeiro governador.
O decreto assinado por Dom João VI, em 16 de setembro de 1817, emancipando Alagoas de Pernambuco, transformando a Comarca em Capitania, estabeleceu como capital a vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro) e nomeando como primeiro governador, o português Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, que acabara de governar a Capitania do Rio Grande do Norte.
Primeiro Governador
Ao desembarcar no porto de Jaraguá, o governador encantou-se com a vila de Maceió. Foi recebido com muitas festas e, hospedou-se no sobrado de um português na esquina das ruas do Comércio e Livramento, onde hoje funciona a Ótica Flamengo.
Sua posse aconteceu na matriz de Nossa Senhora da Conceição, na capital, numa solenidade com muita pompa, autoridades diversas e muitos discursos. Mas o governador não gostou muito do aspecto urbano da antiga vila, sempre priorizando Maceió.
E essa opção pela vila ao invés da capital, fez com que várias autoridades protestassem. Os de Alagoas (Marechal Deodoro) não aceitavam sob hipótese alguma, a instalação de repartições públicas na vila de Maceió, enquanto o próprio governador e várias outras personalidades políticas, econômicas e culturais, preferiam mesmo que os principais órgãos públicos fossem instalados em Maceió, por ser mais desenvolvida que a capital, possuir um movimentado porto e toda a infra-estrutura de uma capital. E assim foi feito.
Melo e Póvoas instalou a Junta de Administração e Arrecadação da Real Fazenda, o Quartel Militar e a Alfândega. Ciumeira geral.
Maceió crescia a olhos vistos. O governador, mandou que fosse elaborada uma planta urbana, para proporcionar um novo visual a vila. O traçado das ruas e das praças e os melhoramentos necessários. E assim surgiram as ruas do Comércio, do Sol, Livramento, Boa Vista, Moreira Lima, Augusta, Nova, Alegria e as praças Dom Pedro II e Martírios. O traçado continua o mesmo. Nunca houve alargamento, mudando apenas a arquitetura das casas.
O governador afastou-se do cargo em fevereiro de 1822, retornando à Portugal. Criou-se uma junta governativa formada por Antonio José Ferreira, José de Souza Melo, Nicolau Paes Sarmento, Manoel Duarte e Antonio de Hollanda Cavalcante, que permaneceu até a independência do Brasil, quando a Capitania foi transformada em Província.
por Neilton Ferreira
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